EMPRESA HOLANDESA CRIA TECNOLOGIA QUE GERA ENERGIA A PARTIR DE PLANTAS

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Em 2014, em Hembrug, Holanda, uma multidão estava em um parque e olhava para o céu à noite, à espera do brilho das mais de 300 luzes LED que iluminaram o local, porém o que parecia uma ocasião normal, na verdade era uma demonstração de ambicioso projeto de energia da empresa holandesa Plant-e, chamado de “Starry Sky” (Céu Estrelado, em tradução livre).

Embora as lâmpadas fossem comuns, a eletricidade que as alimentava era derivada de um novo processo que aproveita o poder das plantas vivas, tecnologia esta que também foi batizada com o mesmo nome da empresa “Plant-e”.

O Starry Sky e outro projeto semelhante, são as duas primeiras instalações comerciais de tecnologia emergente da empresa; ambos são para iluminação, mas a empresa também vende postes wi-fi, aquecedores, carregadores de celulares e módulos de energia elétrica para telhados, todos alimentados pelos subprodutos de plantas vivas.

Co-fundadora e CEO da Plant-e, Marjolein Helder acredita que essa tecnologia poderia ser revolucionária. O uso de plantas para gerar eletricidade traz uma nova opção de energia limpa para o mundo, porém ainda mais emocionante.

Embora a ideia de usar plantas e fotossíntese para extrair energia não seja nova, pois por décadas as escolas tem ensinado aos alunos a retirarem energia de vegetais como batatas, por exemplo, Helder lembra que, embora o princípio da Plant-e seja muito semelhante, essa nova tecnologia tem um grande benefício: não danifica as plantas para produzir eletricidade.

Ambos os projetos da Plant-e em funcionamento na Holanda utilizam plantas aquáticas nativas que foram fornecidos por estufas locais.

O processo envolve o crescimento das plantas em recipientes plásticos divididos em módulos de 20cm quadrados, conectados a outros módulos onde se submetem ao processo de fotossíntese e convertem a luz solar, ar e água em açúcares.

As plantas usam alguns dos açúcares para crescer, mas eles também descarregam esses açúcares de volta para o solo como resíduos. Quando o resíduo se decompõe, libera prótons e elétrons e com isso, a Plant-e consegue conduzir eletricidade, através de eletrodos dispostos no solo.

Gráfico criado por Yes Magazine. Editado e traduzido em português por Meio Info.
A “colheita de eletricidade” a partir de plantas não é tarefa fácil.

Ramaraja Ramasamy, professor adjunto na Universidade da Georgia College of Engineering, disse que o que a Plant-e usa é chamado de “célula combustível microbial de sedimentos.” Ele adverte que esta tecnologia não é avançada o suficiente para competir com painéis solares e turbinas eólicas , que já estão em desenvolvimento há muito mais tempo.

Se eu vir até você e dizer: você quer energia para uma lâmpada de 100 watts? Você provavelmente precisará de um acre de terra para produzir eletricidade suficiente a partir dessa tecnologia. Ela é viável? Não. O projeto não está fazendo o suficiente para ter energia como um produto comercial confiável. Isso não significa que ele não vai ser,” explicou Ramasamy.

LED’s iluminam um guar rail em uma estrada no parque de Hembrug. A energia é proveniente da tecnologia Plant-e. (fonte inhabitat)

Embora possa não ser prático nos Estados Unidos, onde as famílias usam grandes quantidades de energia elétrica, a tecnologia pode funcionar em outras partes do mundo.

Helder diz que um jardim de um metro quadrado deve ser capaz de produzir 28 quilowatts-hora por ano. De acordo com a Administração de Informação de Energia dos EUA, o valor médio de eletricidade usada por uma casa em um ano foi 10.837 quilowatts-hora em 2012. Isto significa que, a fim de alimentar uma casa nos Estados Unidos, seriam necessários cerca de 372 metros quadrados de espaço, o tamanho de um grande quintal.

Na Holanda, o agregado familiar médio usa 3.500 quilowatts-hora de eletricidade por ano, de acordo com um comunicado de imprensa da Plant-e.

Isto significa que uma casa na Holanda pode ser alimentada com energia dos módulos da Plant-e usando cerca de um terço do espaço que uma casa nos Estados Unidos exigiria.

Assim como a energia solar e eólica, o rendimento da energia das plantas varia de acordo com o clima. Na Holanda, as instalações da usina Plant-e deixam de produzir energia elétrica entre uma a duas semanas durante a parte mais fria do inverno, pois a tecnologia não funciona quando o solo congela. Como a Plant-e pode se expandir para mercados maiores, este detalhe poderia ditar onde o produto seria melhor comercializado.

O próximo passo será usar a Plant-e em zonas úmidas existentes para gerar eletricidade. Com isso, os fundadores da empresa esperam que a tecnologia possa ser usada também para fornecer energia limpa em áreas pobres do mundo, onde a vida vegetal é abundante. Engenheiros colocariam tubos horizontalmente abaixo da superfície de uma zona úmida, turfeiras, manguezais, arrozais, ou delta de rios, e assim, usar o mesmo processo que o sistema modular.

A empresa criou um protótipo do sistema tubular em 2013, programado para iniciar como um projeto piloto em julho de 2014, mas teve problemas com o financiamento.

Os sistemas modulares são interessantes, mas você só pode escalonar até um certo tamanho, porque é muito trabalhoso e utiliza muito material”… “Um sistema tubular pode apenas ser implementado através do campo e ele simplesmente funciona porque as plantas já estão lá. Assim, no longo prazo, esta escala é realmente grande, o que é muito mais interessante”, disse Helder.

Helder ainda disse que, embora a empresa espera começar seus projetos pilotos de campo em breve, o produto vai precisar de dois ou mais anos para completar o estágio de demonstração, e assim ser um produto pronto para o mercado comercial.

Yes Magazine

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